Consciência Negra

Coordenadora fala de luta no dia Nacional da Consciência Negra

CCOM / terça-feira, 19 novembro , 2019

 

 

Roberto Oliveira

 

A coordenadora da mulher de Picos, Maria José Nascimento, Nega Mazé, fala da luta do Negro no Brasil e faz homenagem pela passagem do dia da Consciência Negra, comemorado amanhã, dia 20 de novembro em todo país.

De acordo com a gestora, se faz necessário que a comunidade Negra faça auto avaliação em face da sua situação atual no Brasil, dada a sua expressiva participação no avanço da sociedade brasileira desde a colonização.

 

A coordenadora da mulher de Picos, Maria José Nascimento

 

“É fundamental que nós negros, assumamos a nossa negritude, sem permitir que ninguém nos imponha tabus. Nós somos Negros e temos que nos assumir como tal, até porque somos a maioria populacional do nosso Brasil e contribuímos na evolução da nossa sociedade”, destaca.

A coordenadora faz ainda avaliação quanto ao número de Negros que sofrem violências, sejam de natureza psicológica à agressões físicas, além da soma de variados preconceitos contra os direitos humanos. A gestora reclama que as políticas que garantem amplos direitos à comunidade Negra no país não são suficientes e pior, tais direitos não são respeitados na sua efetividade prática.

Nega Nazé chama a comunidade negra picoense, sobretudo a mulher negra para reflexão sobre o assunto.

“O dia 20 de novembro é cultivado à ponderação acerca das políticas de inserção do Negro na sociedade brasileira. É o momento de fletirmos sobre o alcance do afrodescendente na concepção da nossa cultura enquanto nação”, analisa Nega Mazé.

Dia da consciência negra

O Dia Nacional da Consciência Negra homenageia e resgata as raízes do povo afro-brasileiro e é comemorado no Brasil no dia 20 de novembro.

 

 

Criança negra – Desigualdade chama a atenção em diversos campos – Foto – Reprodução – Ofensivanegritude

 

Tal data foi restabelecida pelo projeto lei número 10.639, no dia 9 de janeiro de 2003 pela sua coincidência com o dia 20 de novembro de 1695, dia da morte de Zumbi dos Palmares, líder da resistência negra no Brasil Colônia.

O povo afrodescendente teve grande contribuição na construção da cultura brasileira, introduzindo aspectos religiosos, políticos, sociais e gastronômicos.

Também trouxe a sua dança, seu léxico, seu folclore, entre outros, incorporados ao longo dos séculos na construção da identidade cultural brasileira.

Dados do IBGE

Reconhecido intencionalmente como um dos países mais desiguais, o Brasil possui a disparidade racial como arcabouço. Se comparados os números entre as comunidades negras e brancas, panorama observado oferece uma nação dessemelhante.

Dados da pesquisa do PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) realizada pelo IBGE levam à tais constatações, pois as comparações realizadas entre trabalho, renda, educação, crime e outros, evidenciam o quadro atual vivido pelo Negro no Brasil. A pesquisa foi feita em 2016.

Trabalho e renda

A PNAD de 2017 mostra a desigualdade de renda média do trabalho de R$ 1.570 para negros, R$ 1.606 para pardos e R$ 2.814 para brancos.

Já a desocupação em 2018 é maior entre pardos (13,8%) e pretos (14,6%) do que na média da população (11,9%).

Educação

O analfabetismo apresenta-se o dobro entre pretos e pardos (9,9%) do que entre brancos (4,2%),  aponta a PNAD de 2016.

Crime

A taxa de crimes de negros chegou a duas vezes e meia maior que o público branco. Já a taxa de homicídios de mulheres negras chegou a 71% maior que as mulheres brancas.