Violência contra a mulher

Coordenadora da Mulher alerta para o aumento de casos de agressão contra o sexo feminino

CCOM / terça-feira, 4 junho , 2019

 

Roberto Oliveira

 

A Coordenadora da Mulher do município de Picos, Nega Mazé, faz uma alerta para a escalada da violência contra o sexo feminino na cidade. De acordo com ela, o público feminino local passa por um momento delicado, tendo em vista o aumento da violência masculina contra o sexo oposto.

 

Nega Mazé disse que assusta o crescimento de casos de agressão à mulher me Picos.

 

“De janeiro para cá, tem aumentado em muito o número de casos de violência contra a mulher. A imprensa dá cabo disso. São vários tipos de agressão, desde brigas, agressão psicológica e física, até o próprio assassinato. Os números não me foram passados, mas sei que aumentou de forma alarmante, pois recebo mulheres agredidas diariamente”, revela.

O acesso aos números, de acordo com Nega Mazé, não passam pelo seu crivo, já que somente o Judiciário é o detentor desses dados, fato que provoca desalinhamento entre as instituições públicas envolvidas, o que implica também em uma lacuna desinformacional junto ao público, indo na contramão de uma sociedade democrática e transparente.

Nesse sentido, explica Nega Mazé que a mulher agredida deve obrigatoriamente prestar queixa formal na delegacia em caso de agressão. Lá, os dados são compilados e  repassados aos locais devidos, ou seja, aos promotores e juízes, o que segundo a gestora, a manutenção e o controle desses números pela Justiça, praticamente inviabiliza o acesso á sociedade.

Coordenadoria da Mulher

A Coordenadoria da Mulher de Picos é o órgão responsável pela orientação e encaminhamento de mulheres vítimas de algum tipo de agressão. Segundo informa a coordenadora Nega Mazé, diariamente, mulheres vitimadas por alguma violência procuram alguma orientação e encaminhamento profissional, seja psicológico ou jurídico, na tentativa de obter alguma forma de amparo junto ao poder público em momento de fragilidade extrema.

“Nós não temos muita estrutura, tanto física quanto administrativa para atender esse público de forma adequada. Mesmo com muitas deficiências, muitas mulheres agredidas nos procuram em busca de apoio. Mas o pior é que estamos assistindo o número de agressões contra a mulher aumentar exponencialmente. Aqui, nós fazemos o que está ao nosso alcance, ou seja, apenas orientamos e damos direcionamento para a mulher violentada de toda sorte poder caminhar ”, lamenta a gestora.

Judiciário

A coordenadora da mulher local faz uma reclamação quando do braço da Justiça frente à problemática da mulher violentada de alguma maneira. Nas palavras de Nega Mazé, o Judiciário local e sua morosidade resolutiva, contribuem para o aumento da violência contra a mulher de forma significativa.

De acordo com a gestora, a deficiência de aplicações penais aos agressores em tempo hábil, configura-se em uma espécie de contrassenso e ao esmo tempo, proporciona ao agressor, momento no qual ele pode agir sem ser incomodado pela força da Lei.

Na análise de Nega Mazé, essa brecha deficitária advinda da própria Legislação em conjunto com seus operadores, em muitos casos, torna-se verdadeiro fio condutor de mais violência contra o sexo feminino.

“A lentidão da Justiça e as brechas dentro da Legislação contribuem em muito para a exacerbação desse quadro, pois muitos agressores estão à solta e acabam por cometer novos delitos. E isso contribui também para que a mulher agredida não busque os meios legais para denunciar seus agressores, simplesmente por dois motivos, ou por medo de novas agressões ou por apatia da própria Justiça”, revela a gestora.